Querida Fernanda Encinas:
Soube que perguntastes ao teu pai porque todo mundo em Os Sóis da América falava português.
Bem, você é uma leitora muito atenta. Essa era uma pergunta que eu esperava mais para o final, lá pela metade de O Coração de Jade, talvez. E eu acho que a pergunta que você se faz não é exatamente essa e sim, como é que todos os personagens de Os Sóis da América se entendem, já que pertecem a povos que falam diferentes línguas.
Confesso que essa foi uma dificuldade, quando comecei a história, e foi uma coisa que me incomodou durante muitas páginas. E no final do último volume, A Pedra da História, Caniço Longo fará essa mesma pergunta (talvez Caniço Longo a tenha feito diretamente a mim, na verdade, e te garanto que não é nada confortável ser confrontada pelos próprios personagens). Eu não tinha nenhum peixinho tradutor para colocar na orelha de Misqui, Nimbó e Pelume, como os personagens de "O Mochileiro das Galáxias", por exemplo. Não tinha nada disso. Então, como à princípio não tinha uma solução, deixei para buscá-la por último, na esperança de que a própria lógica da história me respondesse isso (e a Caniço Longo, e a você também). E, por fim, a história respondeu. Às vezes (mas só às vezes), a gente precisa deixar ela fazer isso. E apesar de saber que a solução que o teu pai deu para essa questão foi muito legal, não foi essa a resposta que Os Sóis da América me deu. Então eu acho que você vai ter de ler até o fim para saber.
Em todo o caso, o idioma escolhido para contar a história de Pelume foi o português, porque eu só sei escrever neste idioma. Por outro lado, fiquei pensando: será que os leitores de O Senhor dos Anéis, A Espada Diabólica, e tantos outros livros de Fantasia e Ficção Científica que li perguntaram-se, em um determinado momento, porque os personagens falavam sempre inglês, e não castelhano, ou francês, ou mandarim? (Muitos personagens de Ficção Científica são telepatas, o que facilita a vida do escritor, mas sempre me pareceu um pouco fácil demais). Será que os leitores de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa se perguntam porque Aladim se veste de árabe, quando a história original se passa na China? Hum... não sei.
Enfim, são as perguntas que as histórias fazem para o leitor mais atento (e somente para ele). Por isso, te deixo um abraço, e um grande "parabéns", por ter prestado tanta atenção à narrativa. Espero que continues seguindo as aventuras dos Três do Sul e que, quando chegues ao final, compreendas. E tomara que eu consiga te emocionar e despertar a tua curiosidade para cima deste continente maravilhoso onde vivemos.
Um grande abraço
Simone Saueressig
Soube que perguntastes ao teu pai porque todo mundo em Os Sóis da América falava português.
Bem, você é uma leitora muito atenta. Essa era uma pergunta que eu esperava mais para o final, lá pela metade de O Coração de Jade, talvez. E eu acho que a pergunta que você se faz não é exatamente essa e sim, como é que todos os personagens de Os Sóis da América se entendem, já que pertecem a povos que falam diferentes línguas.
Confesso que essa foi uma dificuldade, quando comecei a história, e foi uma coisa que me incomodou durante muitas páginas. E no final do último volume, A Pedra da História, Caniço Longo fará essa mesma pergunta (talvez Caniço Longo a tenha feito diretamente a mim, na verdade, e te garanto que não é nada confortável ser confrontada pelos próprios personagens). Eu não tinha nenhum peixinho tradutor para colocar na orelha de Misqui, Nimbó e Pelume, como os personagens de "O Mochileiro das Galáxias", por exemplo. Não tinha nada disso. Então, como à princípio não tinha uma solução, deixei para buscá-la por último, na esperança de que a própria lógica da história me respondesse isso (e a Caniço Longo, e a você também). E, por fim, a história respondeu. Às vezes (mas só às vezes), a gente precisa deixar ela fazer isso. E apesar de saber que a solução que o teu pai deu para essa questão foi muito legal, não foi essa a resposta que Os Sóis da América me deu. Então eu acho que você vai ter de ler até o fim para saber.
Em todo o caso, o idioma escolhido para contar a história de Pelume foi o português, porque eu só sei escrever neste idioma. Por outro lado, fiquei pensando: será que os leitores de O Senhor dos Anéis, A Espada Diabólica, e tantos outros livros de Fantasia e Ficção Científica que li perguntaram-se, em um determinado momento, porque os personagens falavam sempre inglês, e não castelhano, ou francês, ou mandarim? (Muitos personagens de Ficção Científica são telepatas, o que facilita a vida do escritor, mas sempre me pareceu um pouco fácil demais). Será que os leitores de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa se perguntam porque Aladim se veste de árabe, quando a história original se passa na China? Hum... não sei.
Enfim, são as perguntas que as histórias fazem para o leitor mais atento (e somente para ele). Por isso, te deixo um abraço, e um grande "parabéns", por ter prestado tanta atenção à narrativa. Espero que continues seguindo as aventuras dos Três do Sul e que, quando chegues ao final, compreendas. E tomara que eu consiga te emocionar e despertar a tua curiosidade para cima deste continente maravilhoso onde vivemos.
Um grande abraço
Simone Saueressig
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